domingo, 9 de maio de 2010

Mãe


Minha mais bela invenção é a minha mãe...
A Virgem Maria subiu ao céu com seu corpo: eis o mistério da sua Assunção. Cabe ao nosso tempo a glória de ter escutado a proclamação deste dogma. Possuímos alguém da nossa raça, um irmão nosso, que é Deus. Temos uma mulher de nossa casa, uma irmã, que é a mãe de Deus. Um e outro reunidos, corpo e alma, olham para nós, nos amam e nos esperam na Alegria Eterna.
O anjo entrou onde ela estava e lhe disse: "Salve, cheia de graça, o Senhor está contigo"Lc 1,28. Maria disse então: "Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito estremece de alegria em Deus, meu Salvador, porque voltou a olhar até a baixeza de sua serva. Sim, de hoje em diante as gerações todas dirão quanto sou feliz - pois o Todo-Poderoso fez por mim grandes coisas. Santo é seu nome" Lc 1, 46-49.

Minha mais bela invenção, diz Deus, é minha Mãe. Sentia falta dela e então a fiz. Fiz minha Mãe antes que ela me fizessa. Era mais garantido...
Agora sou um Homem de verdade, como todos os homens. Nada mais preciso invejar-lhes, pois já tenho Mãe. Mãe de verdade. Estava sentindo falta.
Minha Mãe, o nme dela é Maria, diz Deus. Sua alma é toda pura e cheia de graça. Seu corpo é virgem, e mora nela uma luz tão radiosa que na terra, não me cansei jamais de fitá-la, e ouvi-la, admirando-a.
É linda minha Mãe, tão bela, que deixando os esplendores ddo Céu, ao lado dela não senti saudades. No entanto, dis Deus, eu sei o que é ser carregado pelos anjos e, pois bem, não vale nem de longe os braços de u'a Mãe, podem crer.
Minha Mãe Maria um belo dia morreu, diz Deus. Desde o dia em que subi aos céus sentia falta dela - e ela de mim. Ela veio até mim com a alma, com o corpo, diretamente. Eu não podia fazer de outra maneira. Era um dever, era mais conveniente.
Os dedos que tocaram em Deus não podiam imobilizar-se. Os olhos que contemplaram Deus não podiam ficar cerrados. Os lábios que beijaram Deus não podiam enregelar-se. Este corpo puríssimo que dera um corpo a Deus não podia apodrecer, misturando com a terra...
Não, eu não pude, não era possível, ter-me-ia custado demais. Por mais que eu seja Deus, eu sou seu filho, e quem manda sou eu.
E, além disso, diz deus, foi também para meus irmãos, os homens, que eu fiz isso. Para que eles também tenham Mãe lá no céu. Mãe de verdade igual a eles, corpo e alma. A minha Mãe. Agora, pronto! Está comigo desde o instante da morte. A Assunção, como dizem os homens. A Mãe encontrou o Filho e o Filho, a mãe. Corpo e alma, um bem ao lado do outro, eternamente. Se os homens adivinhassem a beleza deste Mistério! Reconheceram-no, enfim, oficialmente. Meu representante na terra, o Papa, o proclamou solenemente. É um prazer, diz Deus, ver os dons da gente apreciados. Fazia já muito tempo, o povo cristão pressentia este grande mistério de meu amos filial e fraternal...
E agora, que o aproveitem mais ainda, diz Deus. Tem no Céu Mãe que os acompanha com os olhos, com seus olhos de carne. Tem no Céu Mãe que os ama de todo o coração, seu coração de carne. E esta Mamãe, é a minha, que me olha com os mesmos olhos, que me ama com mesmo coração. Se os homens fossem espertos, bem o aproveitariam. Deviam imaginar que a ela nada posso recusar... Que querem que eu faça? é a minha Mãe. Assim o quis. Agora não me queixo. Um diante do outro, corpo e alma, Mãe e Filho. Eternamente Mãe e Filho... (Michel Quoit, Poemas para rezar. p.14, 34ª ed.).

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